top of page
Buscar

O Renascimento e o Nascimento da Moda

  • Foto do escritor: Lívia Sombrio
    Lívia Sombrio
  • 10 de jun. de 2015
  • 6 min de leitura

velazquez_lasmeninas.jpg

As Meninas, por Diego Velàzquez (1656).

O período Renascentista se dá início logo após a queda dos feudos Europeus, quando surgem os burgos (cidades) incialmente ao redor das cidades feudais e então tomam conta de toda europa.

Neste período se retoma os estudos da ciência ainda que um pouco vetada pela religião, e fica muito comum a formação de ofício no qual um mestre ensinava sua técnica para seus aprendizes, assim retomamos o processo de manufaturas e começo do primeiro processo de industrialização.

Neste período também temos uma investida mais forte da Navegação trazendo especiarias, tecidos e pigmentações, mas principalmente temos o início de um processo de produção na própria Europa, a exemplo da Itália que toma frente na produção do fio de ouro.

Temos ainda muita influência da Indumentária Gótica mas com uma liberdade de expressão, onde os burgueses usam e abusam de extravagância para demonstrar sua riqueza.

Muito importância ressaltar aqui o Nascimento do dito termo "Moda" neste período, pois o que iremos visualizar a partir de então são apenas tendências ressurgentes e não vestimenta obrigatória na sociedade.

Como feitos marcantes para este período da moda vemos o surgimento dos primeiros corsets e saias - vestidos de duas peças, a maior rigidez das peças e a criação de novas técnicas de manufaturas na Europa, a exemplo do tear de malha.

A Era Tudor:

114976-004-01EB7D47.jpg

Henrique VIII, por Hans Holbein (c.1520)

A moda masculina era a mais extravagante e luxuosa possível, o homem costumava querer expressar seu poder através de adornos, isto porque o Rei Henrique VIII, com toda sua ostentação e influência ditou a tendência da moda principalmente na Inglaterra.

Neste período percebemos o que se chama de Era Tudor exatamente pelo motivo da soberania do Rei da Inglaterra, que pela primeira vez instaurou o divórcio e assumiu sua amante Ana Bolena, alvo de tantas críticas e difamação na história.

A Europa, que já passava por um processo de esfriamento com invernos mais rígidos traduz isso também de forma amis rígida na roupa, com várias camadas e sobreposições. A silhueta é a triangular para ambos os sexos, mas para o homem principalmente o triângulo invertido, valorizando os ombros.

Hans_Holbein_the_Younger_-_Charles_de_Solier,_Sieur_de_Morette_(1534-1535)_-_Goo

Retrato de Charles de Solier, sonhor de Morette, por Hans Holbein, O Jovem (1534-1535)

O gibão¹ se mantém mas sofre alterações, as mangas ficam mais largas, com painéis ou fendas e cortadas na dobra do cotovelo para facilitar movimentos - motivo pelo qual muitos retratos da época ilustram homens com as mãos nos quadris. Esta moda de fender o gibão e puxar à vista o forro ou camisa usada por baixo em tal ponto se exacerbou tanto que se extendeu até os calções, tendo sua versão amis exagerada na Alemanha.

Ainda por cima do gibão se utilizava uma jaqueta curta sem mangas, fechada na frente por cadarços ou botões. A próxima camada era chamada de beca, que caía solta em várias dobras dos ombros ao chão. Também se faz uso de roupas íntimas, calção e meias ambos costurados em uma única peça (como uma espécie de ceroula). A peça mais curiosa e provavelmente de maior imponente era o alçapão, que ficava à mostra com o gibão aberto. O Alçapão, ou codpiece, consistia numa bolsa moldada e almofadada que faziam os genitais saltarem ao corpo, dando uma declaração frontal de virilidade e com o tempo evoluiu inclusive para peças adornadas e cravejadas de jóias, utilizado como bolsa e reduzido ao final do século até desaparecer por completo.

Os sapatos eram de bico quadrado - bico de pato - feitos com sola de couro ou cortiça e os chapéus começaram neste momento a fazerem parte obrigatória da vestimenta de um homem, tendo em suas variações toucas ao estilo de boinas, conforme o processo e a ornamentação declaravam o status do homem que o vestia.

codpiece.jpg

Para as mulheres também se torna muito evidentes as sobreposições e fendas, de modo tão obssessivo que passou a se fazer forros de material tão nobre para ostentar a riqueza do nobre que passou a receber terras e gastava boa, se não a maior parte, do orçamento familiar para as vestes. Mulheres vindas de berço de ouro usavam fios pretos bordados ao linho branco, para realçar os contornos das roupas expostas e revelar a luxúria da família, o bordado de fio branco geralmente era usado em roupas de baixo e babados.

O fim da Era Tudor se deu com o casamento de Maria Tudor com o Rei Felipe II da Espanha, quando o fim desta era de exuberância e ostentação acabam dando início a uma nova era de auteridade e sobriedade, fazendo com que a estrutura e a precisão do corte ascendecem.

A influência da corte Espanhola na nova era:

Rodrigo_de_Villandrando_-_Isabel_of_France_-_WGA25100.jpg

Isabel de França, por Rodrigo de Villandrando (c.1620)

A partir do fechamento da Era Tudor, com maior expressividade da moda na Inglaterra e manufatura Italiana passamos a presenciar um período de maior austeridade e rigidez na roupa, os olhos da Europa se voltaram para a Espanha que estava proeminente na sua influência e economia.

O gibão incorporou um formato semelhante a um escudo, com enchimentos imitando as linhas de uma armadura, além de um enchimento chamado de bombast - mistura de trapos de algodão, crina de cavalo e estopa - criando uma barriga redonda e protuberante, perpetuando o período de algumas décadas.

O calções tomaram mais volume, populares os formatos chamados de "tímpano espanhol" e almofadado até o meio da coxa. Neste momento é introduzido o tear de malha, permitindo a manufatura do tricô tecer meias bem ajustadas ao corpo.

Unknown_woman_thought_to_be_Mary_Tudor_or_Margaret_Douglas.jpg

Maria Tudor (c.1546)

Tanto homens quanto mulheres usavam corpetes ao estilo décolleté (decotado) com recorte quadrado no pescoço, ficando a mostra o alto da camisa ou chemise. Nos decotes muito cavados se usavam ainda um partlet - muitas vezes fabricado no mesmo tecido do corpete, dando a impressão do vestido ser fechado até o pescoço.

Este partlet, muitas vezes fabricado de linho transparente ou opaco evoluiu para um babado originando um rufo ainda tímido comparado ao visto no período subjacente. O rufo era uma gola de linho - frisado com ferro- feito de reticella, uma renda vazada que evoluiu logo após para as rendas de agulha.

A principal mudança no modo de vestir feminino foi neste momento, quando a peça principal chamada de kirtle² evolui para um vestido duas peças, sendo o corpete e a saia que passou a se chamar de kirtle.

O corset era apertado ao corpo, feito de barbatanas de baleia ou juncos secos envoltos por um tecido rígido e almofadado, comprimia a cintura e achatava os seios mas não a ponto de sufocar. Depois foi acrescentado o peitilho que realçava o achatamento da frente, endurecido com entretelas ou capadas de papel sustentadas com gravetos imitando também a estrutura de uma armadura. Junto ao corpete e o chemise se utilizavam mangas anexas, amarradas ao ombro, sendo composta de uma manga externa larga e afunilada (favorecendo a silhueta triangular), muitas vezes debruada e com abertura no cotovelo ou fendada mostrando o forro.

1595-1605-lady-identified-3.jpeg

Elizabeth I, (c.1595-1605)

Por pouco tempo perdura este formato triangular, dando espaço a uma nova silhueta compostos de uma série de círculos, tendo base o rufo.

O fathingale³ que acompanha todas as alterações de silhueta desde a era Tudor, têm a sua popularidade realçada neste período, aonde a silhueta era extremamente achatada nas mulheres pelo corset. Este também tinha estrutura de arcos de arame, madeira ou caules, passando a ser usado barbatanas de baleia mais a frente, formando uma espécie de ancas laterais na altura do quadris achatando a figura na frente e atrás. A saia também encurta um pouco, aparecento os pés.

Outro ponto importante é que neste momento as mulheres já começaram a desenvolver alguns penteados, dividindo os cabelos ao meio e utilizando tiaras com jóias num primeiro momento e tranças volumosas presas as laterais, assim como o volume dividido do farthingale.

________________________________________________

¹ gibão - casaco justo e abotoado feito de veludo, cetim ou tecido de ouro

² kirtle - vestido longo e inteirisso, que depois de dividido em saia e corpete passa a ser o nome dado a saia.

³ farthingale - foi o primeiro aparato utilizado para ampliar a largura da saia, utilizado pela primeira vez na Espanha e consolidado com o casamento Tudor com o rei espanhol, tendo diversos formatos e manufaturas.

Bibliografias:

http://modahistorica.blogspot.com.br/2013/05/a-moda-na-renascenca.html

Tudo Sobre Moda / editora geral: Marnie Fogg; tradução Débora Chaves, Fernanda Abreu, Ivo Korytowski. - Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

 
 
 

Comments


Em Destaque:
Procure por Tag:
Saiba Mais:

© 2023 por Recanto da Beleza. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page